2 de setembro de 2010

A supremacia do "querer ser"

Local: um ônibus. Uma pessoa: garota com celular. Um fato: música em alto volume.

Então parei pra pensar: por que isso?

Creio que o homem contemporâneo venha sendo envolvido na supremacia do “querer ser”. Hoje, mais importa (apesar da questão da importância ser contraditória) que outros saibam ou pensem algo de você. Atreveria-me a dizer até que não é um fenômeno atual, já que Platão dizia que era melhor parecer do que ser. Vai ver que seja isso: a sociedade ocidental, cunhada no modelo da sociedade Clássica, não poderia deixar de refletir alguns aspectos da mais antiga.

No caso dos celulares sem fone de ouvido, importa muito mais passar a mensagem “oi, tenho um celular e olha, conheço aquela música nova” do que realmente apreciar uma canção. Ainda mais dentro de um ônibus, onde os barulhos da rua e do próprio automóvel atrapalham a apreciação plena da uma melodia.

É dessa maneira que nossa sociedade vem progredindo com os anos (essa progressão é certamente contraditória), enchendo marcas com simbologias maiores que elas, revertendo valores que já não eram tão arraigados, confundindo conceitos, criando ídolos instantâneos de valores éticos/morais duvidosos...

O homem contemporâneo passa pela vida como um completo produto, que tem suas vontades controladas, suas ações estagnadas, sua sensorialidade entupida e sua mente esvaziada. Ele quer ser o que o mundo quer que ele seja.E ele faz tudo pra isso.