15 de fevereiro de 2009

Todos na mesma viagem


Tomar um ônibus, pegar a condução, ir de busão, tudo a mesma coisa, e milhões de pessoas se deslocam diariamente através desse meio de transporte. Porém, as irregularidades nesse sistema são constantes e se aplicam a diversas regiões brasileiras.
Não faz muito tempo, num dia de chuva, eu esperava meu ônibus no ponto. Hora do rush! A inexpressividade da frota que faz a linha do meu bairro, me fez esperar por mais de vinte minutos no ponto. Isso, na hora do rush é inconcebível, afinal, as pessoas querem ir pra casa após um longo dia de trabalho.
O ônibus veio. Lotado, é óbvio. A passagem? Cara. Dois reais por apenas quinze minutos de viagem. Se compararmos isso com os preços e o trajeto feito pelos ônibus dos grandes centros, como o Rio de Janeiro, podemos deixar até correr uma lágrima pelo rosto ao entregar aquela esfolada cédula azul da tartaruga marinha.
As poltronas... bem... não sei se eram macias, pois fiquei o trajeto todo de pé. De um pé, digamos. Era tão apertado o espaço que dispunha pra mim que tinha que me equilibrar sobre uma das pernas, segurar na haste superior de metal que estava completamente empoeirada, aguentar um sovaco no meu ombro e espantar um pernilongo com assopros.
Pessoas amontoavam-se antes e depois da roleta (catraca, borboleta, como quiser). Pessoas escoravam-se nas portas do ônibus. E, por mais impressionante que possa parecer, o motorista continuava a parar nos pontos quando algum pedestre fazia um sinal. Talvez ele fizesse isso pelo simples prazer em ver a indignação de quem, logicamente, não conseguia embarcar.
O aroma de suor, calça jeans molhada e chulé de criança saída da escola completavam o clima do agradável ambiente.
Dizem que os idosos acima de 65 anos e crianças até a quarta série têm passagem gratuita, porém já pararam pra pensar o porquê da nossa passagem ser tão cara? Pois é, existe uma coisa que eu gosto de chamar de "pagar o pato". Ônibus lotado pra garantir a despeza com todos os velhinhos e crianças melequentas.
Gente não é carga. Ônibus não é lata de sardinha. Dinheiro não é capim. A situação é revoltante, mas continuo preferindo um ônibus lotado a um carro com um só passageiro.